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O Trabalho

         Como era o desejo de São Bento, os monges deveriam encontrar no Mosteiro o seu sustento, de tal maneira que evitassem a saída habitual dos claustros monásticos. O necessário resguardo do coração é observado por meio de algumas medidas concretas, como a reserva em mudar-se de mosteiro ou sair sem motivos plausíveis de seu ambiente de recolhimento e oração. Por isso, suas atividades são normalmente realizadas no âmbito do próprio mosteiro.

         Os trabalhos realizados podem variar de acordo com as condições do lugar ou do momento. Pode-se dizer que, ao longo da história, os monges beneditinos desempenharam uma gama bastante vasta de tarefas, desde os trabalhos, assim chamados, mais humildes, como a limpeza dos recintos e o cultivo da terra, como os administrativos e intelectuais. Na maioria das vezes, cada monge desempenha diversas atividades no mosteiro.

         A comunidade beneditina paulopolitana, entre outras tarefas internas e capelanias, ocupa-se do ensino, como o Colégio e a Faculdade de São Bento. Em 2003 o Colégio completou 100 anos de atividades, e a Faculdade completou seu primeiro centenário em 2008. A Faculdade goza da honra de inaugurar o primeiro Curso Superior de Filosofia da América Latina.

Seus Integrantes

         Atualmente no mosteiro somos cerca de 49 monges, entre professos solenes, professos trienais, noviços e postulantes. A maioria é originária do Estado de São Paulo, porém contamos também com monges de outros Estados.

O Processo Formativo e os Votos Monásticos

         Antes de um candidato ingressar no mosteiro, ele passa por um processo de acompanhamento vocacional pessoal (de duração aproximada de um ano). O objetivo é discernir sua vocação religiosa, especificamente a monástica. Não basta saber sobre a autenticidade de sua vocação; o candidato deve estar preparado para seguir o espírito e o ritmo de vida no mosteiro, desde o primeiro dia em que entrar. A vida do homem contemporâneo muitas vezes não favorece uma vivência desimpedida da vida monástica. Por isso, o espírito do vocacionado deve estar ao menos preparado para vencer em si a tendência à dissipação. E como assegura São Bento, a perseverança nos claustros do mosteiro produz muitos frutos de santidade, para si e para toda Igreja.

 

         Quando o candidato entra no mosteiro, ele se torna Postulante. Participa da vida corrente do Noviciado e da disciplina comum de todos os monges. No período de seis meses, ele aprende os rudimentos da vida monástica no seio da comunidade dos monges, e conhece mais de perto as exigências a que é chamado.  Ao término desse período, ele pode ser admitido ao Noviciado, tempo especial de aprendizado de si e da vida monástica. O Noviço tem a oportunidade de conhecer melhor as tradições monástica e cristã. Para isso, ele frequenta aulas de Sagrada Escritura, Patrística, História da Vida Monástica, Regra de São Bento, Canto Gregoriano, Latim, entre outras.

         Esse é um período muito intenso de formação. Sua duração é de dois anos. No segundo ano, o Noviço pode iniciar seus estudos acadêmicos, como a Filosofia e a Teologia, sobretudo àqueles que aspiram à ordenação sacerdotal.

Terminado o Noviciado, o Irmão pode Professar por três anos os Votos Monásticos: Estabilidade, Obediência e Conversão dos Costumes.

Obediência e Estabilidade no  Mosteiro

        O primeiro voto diz respeito às exigências da vida monástica em geral. O segundo voto predispõe à vida em comunidade, por meio da obediência prestada aos superiores e aos Irmãos, buscando principalmente o que é melhor para os outros e não para si mesmo. Por fim, o terceiro voto vincula o monge ao seu mosteiro de origem; lá ele deve progredir na vida monástica, sem que o seu coração se iluda em procurar melhores oportunidades em outros lugares.

Depois de três anos, o Irmão pode deixar o mosteiro sem qualquer vínculo ou optar por consagrar-se definitivamente à Vida Monástica.

        O Monge Professo Solene, como é chamado após sua última Profissão, tem voz ativa nas principais decisões da Comunidade, como a votação para Abade. Ele está vinculado permanentemente à vida da Comunidade, como a uma família. Assim é expressa a esperança de São Bento, de que Cristo “nos conduza juntos à vida eterna!” (RB 72,12).

A Disciplina

         São Bento não escreveu uma regra que primasse pelo rigor ascético nas observâncias cotidianas. Antes de tudo, o monge chega ao cume das virtudes e da contemplação de Deus por meio de uma vida de sobriedade e humildade. Deus se revela às almas simples que O procuram na sinceridade e generosidade do coração.

         Com isso, São Bento diferia do espírito de seu tempo. Um número maior de pessoas podiam ingressar na vida monástica. Seu objetivo era que, no mosteiro, os fortes encontrem o que desejam e que os fracos não fujam. Orienta os monges com habitual docilidade: “Se aparecer alguma coisa um pouco mais rigorosa, ditada por motivo de equidade, para emenda dos vícios ou conservação da caridade, não fujas logo, tomado de pavor, do caminho da salvação, que nunca se abre, senão por estreito início.” (RB Prol,47s)

         A disciplina da vida comunitária é marcada, sobretudo, pelos momentos em que os monges se reúnem para a oração comum – a Liturgia Monástica – e para as refeições. Outros costumes compreendem a vida no mosteiro, como o silêncio nos Lugares Regulares, dentre os quais o Refeitório, e após o último Ofício do dia, as Completas.

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